A educação no Realismo: o século do método
Contexto Histórico
No século XVII intensificou-se o comercio, a colonização assumia características empresariais, enquanto a Europa era inundada pelas riquezas extraídas da América.
O crescimento das manufaturas alterou as formas de trabalho. A nova ordem consolidou-se com o mercantilismo — sistema que supõe controle do Estado e que resultou da aliança entre reis e burgueses. Estes financiavam a monarquia absolutista.
Politicamente, caracteriza-se pelo absolutismo real, e entre os teóricos que defendiam esse tipo de poder irrestrito, o mais conhecido é o inglês Thomas Hobbes[1]. Não se tratava de buscar os fundamentos dos absolutismo a partir do direito divino dos reis, mas sim de acordo com o contrato, o pacto social — é início da queda das explicações religiosas.
Liberalismo econômico e político
À medida que a burguesia se fortalecia, tomava forma a teoria do liberalismo, tanto do ponto de vista político, pelo questionamento da legitimidade do poder real, como no seu aspecto econômico.
O principal intérprete da ideias políticas liberais foi John Locke[2]. Era uma teoria que exprimia os anseios da burguesia, o liberalismo se opunha ao absolutismo dos reis, fazia restrição à interferência do Estado na vida dos cidadãos, em defesa da iniciativa privada.
O século do método
Durante o século XVII, um dos campos que fecundou foi o da filosofia. Filósofos como Descartes, Bacon, Locke, Hume e Espinosa discutiram a teoria do conhecimento segundo questões de método — significando direção, caminho para um fim, instrumento que permite a construção de conhecimento. Isto é, eles colocaram em discussão os procedimentos da razão na investigação da verdade, antes de se permitir teorizar qualquer tema.
A grande novidade da ciência nesse século foi a valorização técnica, ao privilegiar o método experimental, mérito que coube a Galileu Galilei.
A crise da consciência europeia
No século XVII ocorreu uma revolução espiritual denominada crise da consciência europeia — ao opor à ciência contemplativa um saber ativo, o indivíduo não mais se contentava saber por saber, como um simples espectador da harmonia do mundo, mas desejava saber para transformar.
As transformações da ciência geraram descompasso em outros setores, e a ordem econômica também se ressentiu. Embora prevalecessem o mercantilismo e o absolutismo, delineavam-se os anseios liberais na política, na economia e na ética.
Nas questões de fé, o ideal de intolerância se contrapunha às lutas religiosas, continuando ativas as forças que polarizavam, de um lado, a religião e a moral cristãs, e de outro as tendências à laicidade,
[1] Thomas Hobbes (1588-1679) foi um teórico político, filósofo e matemático inglês. Sua obra mais evidente é "Leviatã", cuja ideia central era a defesa do absolutismo e a elaboração da tese do contrato social. Hobbes viveu na mesma época que outro teórico político, John Locke, que era defensor dos princípios do liberalismo, ao passo que Hobbes pregava um governo centralizador.
[2] Locke (1632-1704) nasceu em Wrington, Inglaterra. Wrington fica perto de Bristol, de onde era a família de Locke. Eles eram burgueses, comerciantes. Com a revolução Inglesa de 1648, o pai de Locke alistou-se no exército. Locke estudou inicialmente na Westmuster School. Em 1652 foi para a Universidade de Oxford. Não gostou da filosofia ali ensinada. Manifestou, mais tarde, opiniões contrárias à filosofia de Aristóteles. Recebeu o título de Master of Arts em 1658. Nesse período, leu os autores que o influenciaram: John Owen (1616-1683) que pregava a tolerância religiosa, Descartes (1596-1650) que havia libertado a filosofia da escolástica e Bacon (1561- 1626), de quem aproveitou o método de correção da mente, e a investigação experimental. Interessou-se pelas experiências químicas do também físico Robert Boyle (1627-1691), que inovaram introduzindo o conceito de átomo e elementos químicos. Foi um avanço em relação à alquimia que dominou durante a Idade Média e a concepção de Aristóteles dos quatro elementos. Locke atuou nos campos de medicina, filosofia, política, teologia e anatomia.
BAIXE O ARQUIVO COMPLETO A educação nas sociedades7.pdf (325270)