GÊNEROS DO DISCURSO NA ESCOLA
A resenha de alguns capítulos do livro "Gêneros do discurso na escola - mito, conto, cordel, discurso político, divulgação científica" de autoria de Helena Brandão, foi tema de um dos trabalhos desenvolvidos na disciplina Gêneros do Discurso, ministrada pela Profa.Ma. Andréa Gomes de Alencar, no Centro Universitário Ítalo-Brasileiro, à epoca da minha graduação em Letras Português/Espanhol.
Espero que seja útil para você, querido leitor, que nos visita.
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A OBRA:
Gêneros do discurso na escola - mito, conto, cordel, discurso político, divulgação científica
O livro foi coordenado por [1]Helena Nagamine Brandão e faz parte de uma trilogia juntamente com dois outros livros, intitulados, respectivamente, Leitura e Construção do Real, o lugar da poesia e da ficção e Outras linguagens na escola: publicidade, cinema e TV, rádio, jogos, informática.
Gêneros do discurso na escola - mito, conto, cordel, discurso político, divulgação científica é uma compilação de artigos científicos que abordam os diversos gêneros do discurso, tendo como proposta auxiliar os professores da Língua Portuguesa.
A pedido dos professores de LP, desenvolveu-se um trabalho de seleção, análise e interpretação diferentes tipos e gêneros textuais, em linguagem verbal e não verbal, para a apresentá-los aos professores, juntamente com um aparato teórico, metodológico e com sugestões práticas de análise e interpretação, procurando abrir-lhes acesso a conceitos e práticas de leitura que pudessem melhor aparelhá-los na exploração didática de textos.
Os ensaios de caráter teórico-prático, fruto do Projeto Integrado/CNPq, são apresentados no livro em três modalidades discursivas:
a. Narrativas de caráter popular: as chamadas formas simples. São formas fundamentais profundamente enraizadas na língua e na vida, matrizes da literatura e de tradição originalmente oral; dentre elas o mito e o conto, acrescentado a estes o cordel.
b. Discurso dissertativo-argumentativo, na modalidade do discurso político em algumas das suas manifestações textuais: pronunciamento político, propaganda eleitora, textos jornalísticos sobre o fato politico, e;
c. Discurso dissertativo-expositivo, na modalidade divulgação científica. Este gênero tem como fonte um discurso anterior, o da ciência, mas determinado por novas condições de produção — como o suporte que o veicula, a mídia impressa — passou a constituir um gênero discursivo com especificidades próprias.
Analisaremos neste trabalho: o mito, o conto, o cordel e o discurso político, explicitando as dificuldades encontradas em cada capítulo, refletindo sobre a prática docente em cada um deles e trazendo um exemplo textual dos respectivos gêneros analisados.
GÊNEROS DO DISCURSO
Antes de iniciarmos a análise de cada gênero, procuremos entender o que são os gêneros. A noção de “gênero” vem sendo — desde Platão e Aristóteles — uma preocupação insistente, tal preocupação pautava-se em distinguir o lírico, em que apenas o autor falava; o épico, em que o autor e personagem falam; o dramático, em que apenas a personagem falava.
Por que uma tipolização?
a. Qualquer classificação tem por objetivo por uma ordem no caos. A diversidade de textos é imensa, sendo necessário, portanto, identifica-los, organizá-los, ordená-los na tentativa de melhor compreendê-los.
b. Toda área do saber aspira à cientificidade. Para que de fato haja esse status científico busca-se a objetividade, categorizando, classificando o material de análise.
c. Bakhtin (1995, apud BRANDÃO, 2011, p. 37) define a enunciação como um produto da relação social e completa que qualquer enunciado fará parte de um gênero. Defende ainda que, em todas as esferas da atividade humana, a utilização da língua realiza-se em formas de enunciado (orais e escritos), concretos e únicos. Esse autor agrupa os gêneros em dois grupos: os gêneros primários – ligados às relações cotidianas (conversa face a face, linguagem familiar, cotidiana etc.; em um ângulo mais direto, esses gêneros são os mais comuns no dia-a-dia do falante) e os secundários – mais complexos (discurso cientifico, teatro, romance etc.), referem-se a outras esferas de interação social, mais bem desenvolvidas.
[1] Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1988), Livre-Docência pela Universidade de São Paulo (2001), pós-doutorado na Université de Grenoble III (Langues et Lettres), Grenoble, França (2006). Faz parte do corpo editorial da revista D.E.L.T.A., da ALFA-Revista de Linguística, Revista do GEL-SP, Polifonia (UFMT), Estudos da Lingua(gem) (UESB). Foi professora na PUC-SP e, atualmente, é professora Associada na Universidade de São Paulo. Atua na Pós-graduação nas linhas de pesquisa Análise do Discurso e Linguística Aplicada ao Ensino, trabalhando com temas como: discurso (da colonização, catequético, da propaganda, político), enunciação, argumentação, gêneros do discurso, práticas de leitura e escrita.